06.01.2020 Interessa-me particularmente o cinema
06.01.2020 Interessa-me
particularmente não ter uma subscrição netflix. Os Dois Papas do Fernando
Meireles e o Jesus Gay da Porta dos Fundos fizeram-me, por esta ordem, esgotar
os meus 30 dias do persuasivo teste-oferta da distribuidora.
Os Dois Papas
é um bom filme mas não obedeceu às expectativas – o tema do “backstage” do
clericalismo fascina-me tanto como a ideia de Deus: a in-finitude de exploração
temática é riquíssima, permitindo-se as mais belas teorias da conspiração.
Meireles não
conspirou.
Pegou no doce Jorge e no impenetrável Joseph e fez um diálogo
ficcional que não incomoda pela simples razão que até poderia ter
acontecido. O excesso neste filme terá sido apenas a pizza e o sumo gaseificado
saboreado pelos dois anciãos nos anexos da Capela Sistina. Tudo o resto é dum
realismo eventual.
Ratzinger, a
quem muito podia ser apontado, safa-se com uma leve acusação de Nazismo de um
comentador de café. Meireles tornou-o mais interessante com Hopkins. Sobre
Bergoglio cai alguma culpa extra aos mais desatentos como eu, distanciado das
suas eventuais relações ao poder.
É um bom
filme, com um diálogo interessante, dois grandes actores, sem qualquer
tentativa de magoar e carregar nas tantas feridas abertas da Igreja.
Já o Jesus da
Porta do Fundos foram, para mim, 40 minutos de perda de tempo.
Sou fã dos
sketches de 5 minutos da Porta dos Fundos. Sou fã do Porchat que encarna sempre
a melhor caricatura de Gay possível. Sou fã do Duvivier em qualquer caricatura,
até nele próprio. No que Meireles suavizou, Porta dos Fundos foi excesso
despropositado – mas ofendeu: parece que PF só ofende quando faz um mau trabalho.
Quando usa um humor inteligente escapa da assembleia dos indignados.
Passei meia
hora a vasculhar o catálogo da netflix. Vou dar uma hipótese ao Marriage Story e
esperar que num dia mais entediante possa repescar Sherlock. Talvez seja melhor
não cancelar já e guardar religiosamente os meus restantes 28 dias, cheio de fé
e esperança.
A tão elementar exploração da dependência.
O filmin vale
tanto a pena.
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