08.02.2018 Interessa-me particularmente a imperfeição


08.02.2018 Interessa-me particularmente uma flor que tive em minha casa. Não me lembro como lá chegou, era uma rosa vermelha (todas as flores vermelhas devem ser rosas), mas um rosa vermelha robusta, talvez não fosse uma rosa, mas era vermelha. Tenho muitas plantas mas ainda não tinha tido uma flor. As plantas duram, por anos, arrastam a sua existência, podemos até deita-las fora por exaustão ou devolver a alguém que as acolha. As flores murcham. A rosa robusta vermelha estava dentro de um jarra de vidro, por cima de uma caixa de livros (preta) em frente a um quadro, um tela, vermelha, preta, com recortes e cera. A rosa robusta vermelha não era especialmente bela no dia 1, mas era perfeita na sua imperfeição do último dia. Ao contrário de quase tudo o resto, a rosa robusta vermelha ficava mais interessante a cada dia que passava. As folhas caiam, mudavam de cor. A rosa ficava menos vermelha e menos robusta. Nunca apanhei as folhas que caiam. Porquê apanhar - eram a própria rosa. A flor não era mais o vigor dentro da jarra transparente, em vidro, mas os restos pousados sobre a madeira-pintada-de-preto do contentor de livros.
O wabi-sabi tinha chegado até mim, curiosamente, através de Antuérpia, Axel Vervoordt. Já tinha visto algumas imagens, não me tinha chamado especial atenção (o hotel do Robert de Niro). Encontrei na livraria do Museu da Moda, ao pé da loja do Dries, uma pequena livraria, dois pisos, uma grande mesa baixa central. Não estava traduzido não comprei. 
Wabi-sabi, cheguei ao Japão, ao ritual do chá, comecei a trabalhar com o Hakémé, a imperfeição.
Interessa-me particularmente a imperfeição.

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