29.07.19 Interessa-me particularmente o verão de 2017
29.07.19 Interessa-me particularmente citar o verão de 2017 como um
momento de charneira:
li as meditações de Marco Aurélio.
O detalhe principal acabou por recair
no lugar - li na cave da minha loja, com pouca luz (natural, vinda de uns
interessantes rasgos por debaixo das montras), o que me permitiu um atraente
paralelismo com a eventual tenda de campanha onde o Imperador as terá escrito.
Entre 2017 e hoje o meu interesse primeiro terá recaído sobre a Filosofia. Um
entusiasmo antigo, das poucas disciplinas que tive um 20, mas um entusiasmo
especial, um ímpeto pela descoberta do novo: nos tempos do meu 20, a filosofia
de base platónica, preenchia-se com autores facilmente enquadráveis na lógica
católica dominante.
O prazer da descoberta de Séneca, Epicuro,
do Cinismo por via do tão ilustrativo Diógenes, o cão. A releitura dos textos
canónicos com outras bases tornou-se fascinante.
Agostinho, explicou-se.
A procura levou-me numa cavalgada
assimétrica entre o mais antigo dos antigos e o mais recente. Cativou-me Onfray
e Lipovetsky. Sempre maravilhado com a década de 60 (e a simetria com o cinema)
passei pelos existencialistas dos quais tornei Camus uma referência, caminhado
depois através das esquerdas, aos quais juntei como seria de esperar poetas e
pintores e alguns músicos.
Descobri o Anarquismo do qual só
conhecia uma caricatura.
Descobri o individuo.
Penso saber hoje um pouco mais sobre
o capital do que sabia antes. Sou hoje mais liberal do que há uns dias. Locke
que me tinha oferecido a tábua rasa, oferece-me agora uma visão de liberdade.
Passei por Montaigne e Nietzsche nas
suas propostas pessoais. Schopenhouer, Oscar Wilde e Sarte.
Abandonei alguns, da esquerda
militante, por hoje ser ainda de esquerda, mas sem milícia. Procurei também o transcendente
e encontrei-o em Português, no Tolentino.
Em 24 de Março de 2019 morria o Graça
Dias. Independentemente da veracidade da minha memória atribuo-lhe a minha
chegada à arquitectura. Desde essa data que acabei por diariamente ensaiar o
meu regresso à arquitectura.
Não que algumas vez tenha saído.
Paragens, não mais que um par de meses, entre fases de projectos, fases de
obras, mas para mim, o Projecto de Arquitectura não é tão elevado quanto a
Arquitectura. O estudo, o pensamento, o próprio pensamento expresso pela mão é mais
Arquitectura dentro da Arquitectura.
Há ali um momento, livre, em que a Arquitectura sem função tem mais Arquitectura do que quando quer funcionar.
A proposta é simples: escrever e publicar. Numa primeira
fase, numa folha, seguindo de um blog e redes sociais, criar um portfólio de
pensamento-escrito para concorrer a lugares cada vez mais públicos de
pensamento.
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