05.05.2021 Interessa-me particularmente a língua

 



I

Hoje é o Dia Mundial da Língua Portuguesa. Poderia ser o dia mundial das línguas portuguesas. Plural. E corrente.

II

O método da terceira-via é particularmente interessante. A dois opostos (ou dois similares, quem sabe) interpela-se uma alternativa mediadora, combinada, sincrética, em equilíbrio, que tira o melhor daqui, afasta o pior dali e faz uma festa de afinidades e desejos.
Eis a forma como se escreve por aqui, uma terceira-via entre o Velho Acordo e o Novo Acordo. A incompetência, o desconhecimento e erro incalculado são o motivo da terceira-via.
A terceira-via não é um método, mas uma consequência despreocupada.

III

A última vez que meti um Projecto de Arquitectura numa Câmara, ainda se usava panfletariamente o “c” mudo. Hoje dizem-me que é como calha.
Há quem use convictamente, há quem use desleixadamente, há quem não use por demissão na luta, há quem não use porque é assim. 
Uma terceira-via pois então.
Imagina-se que o funcionário camarário que recepciona os processos esteja particularmente desinteressado no “c” e o mais certo é, que como mudo, não seja lido, não seja visto, não conte como elemento de desqualificação (quem não é visto não é lembrado, provérbio feito-popular. Temos de ir a uma festa qualquer!).
Senhor Arquitecto, o seu projecto é giro, eu diria até particularmente interessante, cumpre com as melhores Leis deste país (e as piores dos outros), mas faxavor de o submeter de novo, agora devidamente a-cedádo. É a sua Arte, mas é a nossa Lei.
Uma terceira-via lá está. Escreve-se como se quer, eis a beleza da escrita.

IV

“Quanto erros ortográficos, tipográficos ou crimes gramaticais foram praticados no ponto anterior? Não sei. Raramente encontro a disponibilidade (e a vontade) para me reler e se o fizesse, tenho dúvidas de quantos dos meus escritos teriam sobrevivido à mais-fina auto-censura.”

V

A Língua Portuguesa são as línguas portuguesas (assim, em minúscula). Qual a melhor? Depende da perspectiva! Dependo do país, da região, do lugar, da família, de ti!
Descobri a semana passada que os meses do ano se devem escrever em minúscula, excepto nas efemérides: 1 de Janeiro, 25 de Abril, 5 de Outubro, entre outras, como o dia dos teus anos, o dia em que recebeste aquele beijo ou o dia em que te despediste e montaste um negócio próprio em, por-exemplo, arquitectura com ou sem “c”.

VI

Uma terceira-via é um espaço virtuoso de liberdade da língua. “Fala pr´ái”, escreve pr´ái como bem entenderes que o funcionário público não vai dar conta do teu pequeno detalhe de subversão idiossincrática. Mas quando for o algoritmo? Pois!
Senhor Arquitecto, o seu projecto cumpre todos os requerimentos legais com excepção da Ortografia em vigor. Por favor submeta novamente o processo com a nossa Lei. Seja um bom cidadão! (nota: o algoritmo suprimiu o termo arte usado na imagem anterior).

VII

A língua é mole, como tu. Adapta-te quando precisares, adapta-os a ti sempre que conseguires.

VIII
O Julião Sarmento morreu ontem. A grafia é só um caminho onde o que interessa (particularmente) é a ideia.

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