11.05.2021 Interessa-me particularmente (o aggiornamento e/ou) a decadência III
I
O que resta à velha e decadente Europa, resignada península asiática, senão escolher um novo par para uma qualquer ideia vaga de progresso digitalizado? Este fim de semana, escancarámos a porta à India enquanto “parceiro de conectividade”. Como uma usada amante (pela China), vemos os EUA, o nosso consorte natural, desinteressar-se por nós. Procuraremos seduzir quem nos deseje noutros mercados! Mas o que tem para oferecer à India esta neo-medieval Europa, pouco tempo depois de perder Londres?
II
“We encouraged people-to-people exchanges in education, research, science and technology, professional activities including in areas such as information technology, environment, climate, healthcare, business and tourism (…) We also highlighted the positive cooperation on higher education, including under Erasmus+, and the relevance of cultural exchanges. We also agreed to achieve a balanced two-way mobility of researchers.”
A Europa enquanto Universidade: eis um bom lémma para o século (devidamente temperado de paternalismo leve) ou ainda, uma boa maneira de entretermos a nossa irrelevância por mais um século.
Em 1898, John Hay declarava qualquer coisa como "O Mediterrâneo é o mar do passado, o Atlântico é o oceano do presente e o Pacífico é o oceano do futuro."
E o Índico? Ter-se-á enganado John Hay, ou a nossa visão turvada pelas
limitações fisiológicas só nos deixa ver meio século de cada vez? Daqui a
quantos anos isto me deixará de interessar? Ou ainda, será que o
desinteresse sobre a polis corresponde a algum processo de
envelhecimento? Pelo contrário, a geo-política enquanto entretém de fuga ao
reconhecimento da decrepitude. Ver a big-picture quando a pequena tem
poucos pontos de vista.
VI
Ontem, o Fausto dizia que “a caneta que escreve canções não assina cheques.”
Interessa-me particularmente usar sempre a mesma caneta (uni-ball eye ultra micro, UB-150-38, preta).
Não fiz outra coisa senão indeléveis tentativas deste mesmo sincretismo entre os negócios e as Artes-e-Letras. Aos (quase) 37 ainda não consegui grande sucesso, nem nas fusões, nem nas partes. Mas encontra-se consolo em Epicuro: “Uma vida livre não pode adquirir grandes riquezas, pois não é coisa fácil obtê-las sem servir a multidão ou os poderosos.”
Não fiz outra coisa senão indeléveis tentativas deste mesmo sincretismo entre os negócios e as Artes-e-Letras. Aos (quase) 37 ainda não consegui grande sucesso, nem nas fusões, nem nas partes. Mas encontra-se consolo em Epicuro: “Uma vida livre não pode adquirir grandes riquezas, pois não é coisa fácil obtê-las sem servir a multidão ou os poderosos.”
Uma vida livre requer hoje uma certa
autonomia tecnológica. Não sou livre! Lémma para a década: aggiornamento
tecnológico.
VII
“Não me interessam as massas nem as massas”.
Vítor Silva Tavares na dupla
dimensão da massa: “a multidão” e “os poderosos”. VST morreu pobre e cheio de
papel. A dupla dimensão do papel. A VST só interessava um papel (há
pouco que ler num cheque).
VST morreu pobre por apenas acreditar num tipo de papel.
VST morreu pobre por apenas acreditar num tipo de papel.
VIII
Lémma para a década: aggiornamento tecnológico e/ou acreditar em vários tipos de papeis, de massas e de “conectividades”.
“We agreed that, as the world’s two largest democracies, the EU and India have a common interest in ensuring security, prosperity and sustainable development in a multi-polar world.”
Lémma para a década: tentar acreditar! pois este azedume só me serve mesmo um papel.
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