06.01.2022 Interessa-me particularmente a complexidade e a contradição II
I
“Isto (as
nove páginas do programa de Ventura) não é coisa que se apresente ao país”
eis a lapidar humilhação de ontem. O debate entre Rui Tavares e André
Ventura era mais interessante do que parecia. Jogava-se (pois estes duelos de
capoeira de 25minutos são pouco melhores que um passatempo de salão) a pertinência
de uma estratégia: desmascarar a nulidade do programa do adversário e fazê-lo
com uma habilidade inteligente, uma preparação exemplar e uma serenidade
própria de quem apenas conhece uma única (e desejada) fórmula. Rui Tavares nada
mostrou ontem à amalgama de desavindos que pelos mais estridentes motivos votam
em Ventura, mas ganhou definitivamente o respeito de toda a intelligenza que
se diverte com estas coisas da política.
II
E a tal de fórmula
de Tavares para estes breves divertimentos de 25 minutos, desenhados para
o espectáculo dos dias, é precisamente a mesma que usou com Costa e Catarina. Inteligência,
preparação e serenidade. Há aqui novas formas de estar na política. Não estamos
habituados. Habituemo-nos!
III
E Ventura, como
esperado, tentou Tavares com a mágica do RBI e os seus quejandos: vamos andar a
“pagar a quem não trabalha e não faz nada?”
E é tanto este pragmatismo como esta utopia, que me fazem estar num orgulhoso sétimo lugar
na lista do LIVRE para a Assembleia da República pelo Círculo do Porto. Não
serei eleito, mas na pouca influência que a minha introversão me permite, farei
o previsível para eleger o Jorge.
Interessa-me
particularmente que as suas utopias possam um dia transformar-se em
pragmatismos, mas não me interessa menos, já cá não estar para as
experienciar. Há em mim uma (indesejável) bipolaridade que me põe do lado do
Mendes da Silvia a exigir tempo face à revolução como nos conservadores
modernaços, cépticos e blasés do final do século passado.
V
Mas isso são questões
estéticas. E há outras?
Às vezes há.
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